Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"
Published on Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (http://www.revsbau.esalq.usp.br)

Início > Tecnologia verde

Tecnologia verde

Editoria: 
Pesquisa [1]
Sumário: 
Grupos de Pesquisa da Esalq e da Poli/USP desenvolvem novo plástico biodegradável
Corpo: 

Com o propósito de unir expertises, dois laboratórios, o Grupo de Estudos em Engenharia de Processos (Ge²P [2]), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e o Laboratório de Engenharia de Alimentos (LEA [3]) da Escola Politécnica da USP, estabeleceram uma parceria e o resultado é a produção de um novo plástico biodegradável. O material, oriundo do amido de mandioca, apresenta propriedades melhores que o tradicional, que possibilitarão outras aplicações e melhores resultados.

“A busca por alternativas renováveis para a produção de plásticos biodegradáveis é crescente, sendo foco do estudo de diversos grupos de universidades no mundo inteiro. Uma das possíveis matérias primas para a produção desses plásticos é o amido, ingrediente natural obtido de vegetais como milho, mandioca, batata, arroz, entre outros”, explica o coordenador do Ge²P, professor Pedro Esteves Duarte Augusto.

Segundo o professor Pedro, a união ocorreu porque a produção de plásticos a partir de amidos tem sido explorada há 15 anos pelo grupo da professora Carmen Cecilia Tadini, da Poli [4] e do FoRC [5] (Food Research Center, um dos CEPIDs [6] da Fapesp). “Por outro lado, no Ge²P estudamos, desde 2015, diferentes tecnologias para modificação de amidos e possíveis aplicações”.  De acordo com o docente, embora o grupo já tenha desenvolvido trabalhos com as tecnologias de ultrassom [7] e irradiação [8], os estudos com modificação de amidos com ozônio [9] têm resultado em diversas aplicações [10], como a melhoria da expansão no forno [11] e impressão 3D [12].

Assim o desenvolvimento do projeto em parceria com a Poli conseguiu unir uma demanda às experiências dos grupos envolvidos. E a pesquisadora boliviana, engenheira química e de alimentos Carla Ivonne La Fuente Arias é o elo dessa união. Carla desenvolve seu Pós-Doutorado no Ge²P, em parceria com o LEA e com bolsa da Fapesp. “O professor Pedro fez parte da minha banca de qualificação no doutorado e a partir de então teve início essa aproximação que hoje se consolida no pós-doc”.

Carla La Fuente conta que o aspecto inovador do seu projeto consiste na modificação do amido de mandioca a partir da ozonização para a produção de filmes. “Trata-se de uma tecnologia verde, amigável com o ambiente. Esse é o foco, modificá-lo com o ozônio de maneira a melhorar suas propriedades na forma nativa. Produzimos assim esse plástico biodegradável e, mesmo ainda na etapa inicial, já obtivemos produto de boa qualidade. A próxima etapa, a ser executada na Poli, é a produção em escala semi-industrial”, explica Carla.

Assim, para a concretização do projeto, são realizadas na Esalq as etapas de ozonização, secagem e caracterização das amostras de amido. Na sequência, Carla leva o material até a Escola Politécnica para preparar e caracterizar o plástico biodegradável.

Entre os benefícios do novo produto estão maior resistência, transparência e permeabilidade. “O processamento dos amidos com ozônio permitiu a obtenção de filmes plásticos mais resistentes e homogêneos, com diferente interação com a água e, em alguns casos, melhor transparência. Essas são características de grande interesse industrial, demonstrando como a tecnologia de ozônio pode ser útil para a fabricação de plásticos biodegradáveis com propriedades melhores do que utilizando apenas o amido nativo”, detalha Carla.

A engenheira lembra que o produto deverá ser utilizado no mercado de várias formas. “As aplicações são inúmeras, já que embalagens mais resistentes e transparentes são desejáveis em grande parte das aplicações”.

Um pedido de patente já foi depositado, visando a transferência de tecnologia para a indústria e os resultados obtidos a partir desse estudo foram apresentados no artigo científico “Ozonation of cassava starch to produce biodegradable films [13]”, publicado na revista International Journal of Biological Macromolecules.

O trabalho teve ainda a participação das pesquisadoras Andressa T. de Souza, Bianca C. Maniglia e Nanci Castanha, sendo financiado pela FAPESP (2016/18052-5) e CNPq (429043/2018-0), com bolsas da FAPESP (2017/05307-8, 2018/24291-8), CAPES (001) e CNPq (306557/2017-7, 306414/2017-1).

Legenda 1: 
Carla La Fuente desenvolve seu pósdoc na Esalq (Crédito: Gerhard Waller)
Responsável: 
Caio Albuquerque [14]
Data de controle: 
segunda-feira, Outubro 21, 2019


Source URL:http://www.revsbau.esalq.usp.br/banco-de-noticias/tecnologia-verde

Links
[1] http://www.revsbau.esalq.usp.br/taxonomy/term/150 [2] https://www.researchgate.net/lab/Food-Process-Engineering-Research-Group-GeP-Pedro-E-D-Augusto [3] https://sites.usp.br/lea/ [4] https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwiYzO614rzkAhVIDrkGHwww.poli.usp.br [5] http://www.usp.br/forc/ [6] http://cepid.fapesp.br/home/ [7] http://dx.doi.org/10.1016/j.ijbiomac.2019.07.161 [8] http://dx.doi.org/10.1016/j.ijbiomac.2019.01.221 [9] http://dx.doi.org/10.1016/j.foodhyd.2016.12.001 [10] http://dx.doi.org/10.1016/j.foodres.2018.09.064 [11] http://dx.doi.org/10.1016/j.foodres.2019.04.050 [12] https://doi.org/10.1016/j.ijbiomac.2019.07.124 [13] https://doi.org/10.1016/j.ijbiomac.2019.09.028 [14] http://www.revsbau.esalq.usp.br/clippingveiculo/comunidade-exkola