Sistema TEMPOCAMPO divulga boletim de novembro

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Mapas 1 e 2 (Sistema TEMPOCAMPO)
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O mês de novembro foi marcado pelo contraste no volume de chuvas entre as regiões do país. A região Norte e o Matopiba registraram valores de chuva no intervalo de 90 mm a 240 mm. Na região Nordeste os volumes de chuva não passaram de 90 mm e no Centro-Oeste foram registrados valores acumulados no intervalo de 30 a 150 mm. No Sudeste, o volume de chuvas variou entre 30 mm e 180 mm, com destaque para Minas Gerais, onde a chuva ficou acima dos 120 mm em praticamente todo o Estado. Já no Sul, os registros de chuva foram inferiores a 30 mm podendo chegar a 150 mm em alguns pontos isolados em Santa Catarina.

O retorno das chuvas permitiu a elevação do armazenamento hídrico em boa parte do território brasileiro. Na região Norte, Matopiba, partes do Centro-Oeste, bem como em praticamente todo o Sudeste, a umidade no solo foi superior a 45%. Por outro lado, em São Paulo, nas Regiões Sul e Centro-Oeste, o armazenamento hídrico no solo foi inferior a 45%. Destaque para a região Nordeste, onde a umidade do solo foi próxima de zero, devido à baixa precipitação e às altas taxas de evapotranspiração.

Na maior parte das regiões Nordeste e Centro-Oeste, as temperaturas máximas foram superiores a 31°C. O mesmo foi observado para o Matopiba, onde as temperaturas máximas também foram maiores que 31°C, com exceção da Bahia, onde predominaram máximas abaixo dos 29°C. Temperaturas mais amenas foram também observadas apenas no Sul e Sudeste, onde as máximas ficaram entre 25°C e 29 °C, com exceção do Paraná e São Paulo com valores na faixa entre 27° e 33°C. Já no Norte, as máximas variaram de 29°C a 33°C, com destaque para o estado de Rondônia, onde os valores foram superiores à 31°C ao longo de praticamente todo o mês de novembro.

As mínimas foram superiores à 21°C na região norte e no Matopiba. No Centro-Oeste, as temperaturas mínimas oscilaram entre 19ºC e 23 ºC. No Nordeste as mínimas oscilaram entre 16°C a 25°C e, no Sudeste, ficaram entre 16°C a 21°C. Já no Sul, as mínimas foram inferiores à 19°C, com destaque para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, nos quais as mínimas não passaram de 16°C.

Tempo e agricultura brasileira

As chuvas ocorridas em muitas regiões produtoras na segunda quinzena de novembro, apesar de esparsas, trouxeram mais segurança aos produtores de soja, que temiam que o tempo seco prejudicasse a safra. No Paraná, São Paulo e no Mato Grosso do Sul, apesar do volume de chuvas ter ficado abaixo do esperado, as condições foram adequadas para o desenvolvimento inicial das lavouras. Além disso, essa umidade deve assegurar o replantio nas áreas que tiveram problemas de germinação após a primeira semeadura. Contudo, em partes do Centro-Oeste, as precipitações foram mais irregulares, levando os produtores à espera por chuvas de maior intensidade nos próximos dias.

A irregularidade de chuvas afetou a safra de milho de verão em diversas regiões produtoras do país. De maneira geral, os trabalhos de plantio se encaminham para o final e os prejuízos já aparecem na região Sul do país, especialmente nas áreas de milho. No Rio Grande do Sul, a falta de umidade dificultou o avanço das operações de semeadura e o desenvolvimento das lavouras, sendo o Estado mais afetado. Embora as chuvas tenham retornado em Santa Catarina no início do mês, reduzindo parte do déficit hídrico, ainda assim a produtividade das lavouras de milho deverá ser afetada. Já no Paraná, o plantio está praticamente encerrado, com as lavouras mais precoces entrando na fase de enchimento de grãos.

Mesmo com as geadas do fim de agosto e as estiagens, a safra 19/20 do trigo brasileiro fecha o ciclo com saldo positivo e cerca de 14% a mais de áreas plantadas. A colheita segue adiantada em relação às cinco últimas safras no Paraná e Rio Grande do Sul, os principais produtores de trigo do país.

A ocorrência de chuvas fortes acompanhadas de vento e granizo no final do mês resultou em danos maiores nos pomares de citros no interior de São Paulo, uma vez que esses pomares já estavam debilitados pela estiagem recente. Este cenário, ainda que pontual, pode limitar a oferta de frutas no próximo ano. A esperança agora é que a chuvas de novembro possam induzir novas floradas nos pomares e amenizar esses eventos negativos. Há, também, um cenário distinto entre as cidades citrícolas, devido aos diferentes volumes registrados de chuva e sistemas de cultivo. As chuvas também trouxeram problemas para os viticultores no Vale do São Francisco, na Bahia. Além dos danos diretos devido à força da chuva, o aumento da umidade e da temperatura favoreceu a incidência de doenças. O míldio, uma das principais doenças da videira, voltou a aparecer e já tem gerado prejuízos à produção, com queda na qualidade das frutas.

Por outro lado, as chuvas insuficientes levaram os produtores de cana-de-açúcar do noroeste paulista a antecipar o corte da cana de final da safra. Apesar das adversidades climáticas não contribuírem com a safra canavieira deste ano, uma vez que o tempo seco interferiu na produtividade dos canaviais, os produtores registraram aumento no teor de açúcar nos canaviais e melhores condições para as operações de campo e processamento da matéria-prima em relação à safra anterior. Porém, a situação é preocupante em relação ao próximo ano, já que a estiagem deve refletir na redução da área plantada e na produtividade dos canaviais de início de safra. 

Texto: Caio Albuquerque, com informações do Sistema TEMPOCAMPO (01/12/2020)

Mapas 3 e 4 (Sistema TEMPOCAMPO)