Estudo insere mudanças climáticas no modelo de análise de risco agrícola

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Esalq recebe visita do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Ministério da Economia (Crédito: Gerhard Waller)

Representantes do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Ministério da Economia estão em Piracicaba nos dias 17 e 18 de abril para uma capacitação que propõe adequações no modelo de concessão de crédito e seguro agrícola brasileiro.

As atividades ocorrem na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) a partir de uma parceria entre o poder público federal e representantes da universidade.

“Essa aproximação propicia uma mudança do patamar da estrutura tecnológica hoje presente”, aponta o chefe da Divisão da Área de Crédito Rural e Normas da Secretaria de Políticas Econômicas do Ministério da Economia, Alberto Alves Silva de Oliveira. O modelo de produção agrícola nacional hoje tem como base o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC). “Nosso objetivo é incorporar informações ao ZARC para ajudar o produtor, para que ele possa escolher a data mais adequada de plantio, para que ele tenha uma probabilidade maior de sucesso quando for fazer seu plantio”, complementa.

O projeto foi iniciado em 2018 e, segundo o professor Vitor Ozaki, do departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq, o objetivo é aprimorar a metodologia vigente, associando novas variáveis aos instrumentos de seguro agrícola e ao Proagro - Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) que garante a exoneração de obrigações financeiras relativas a operação de crédito rural de custeio. “O zoneamento agrícola tradicional é fundamentado em um índice climático, que é o Índice de Satisfação de Necessidade de Água (ISNA). Esse projeto tem como objetivo não apenas usar o ISNA, mas outros indicadores correlacionados com a atividade seguradora e com o que o produtor colhe no final”, explica Ozaki

O professor Fabio Marin, do departamento de Engenharia de Biossistemas, é um dos coordenadores da iniciativa. Para ele, a aproximação da academia com o Governo Federal será fundamental para auxiliar na racionalização do uso dos recursos do contribuinte. “Estamos oferecendo para a formulação de políticas públicas o estado da arte da ciência brasileira e internacional, para melhorar a operação de concessão de crédito e análise de risco. Com essa nova metodologia, poderemos racionalizar a distribuição de verbas. Isso nasce da base técnica de altíssimo nível e é dessa forma que a Esalq contribui”.

Segundo Marin, a metodologia já vem sendo aplicada no Paraná e o resultado é de uma grande economia em apenas uma safra da soja. “O caso do Paraná é um piloto que tem que ser expandido. Lá mostramos que essa tecnologia pode ser aplicada, e sendo aplicada, ela já geraria uma economia expressiva de R$ 140 milhões em uma safra. Então imaginamos que a economia para o país, quando a metodologia for aplicada em todos os Estados produtores será considerável. Agora a tentativa com esse diálogo com os ministérios é expandir. O pequeno produtor é o que mais depende desse crédito, por isso o projeto tem também um valor social”.

O Coordenador geral de risco agropecuário do ministério de agricultura, Hugo Borges, participa do treinamento na Esalq e explica que a parceria com a universidade deve desenvolver novos produtos com informações de risco mais aderentes com o produtor rural. “São informações de risco principalmente climáticos, por exemplo seca, geada, granizo, que permitem indicar as melhores épocas de plantio para que o produtor tenha menor risco. A ideia é identificar uma metodologia mais aderente para que possamos replicar a nível nacional”.

Texto: Caio Albuquerque